Utilizada por nutricionistas, celíacos, diabéticos, esportistas, vegetarianos e chefs de cozinha, e cada vez mais pela população em geral, a Quinoa é considerada um dos grãos mais completos em termos nutricionais. Nesta matéria, desvendamos alguns dos mistérios deste grão que vem ganhando popularidade crescente..
- Por Caroline Medeiros de Araújo
Conhecida também como “grão de ouro”, “trigo dos Incas” e “grão-mãe”, a Quinoa já era cultivada na América do Sul há cerca de 8 mil anos atrás pelos antigos povos da região, mas foi em grande parte ignorada e substituída pelos colonizadores europeus que se instalaram nas regiões em que este grão estava presente. Sendo um grão bastante resistente à condições climáticas diversas, a Quinoa é atualmente cultivada do nordeste do Equador ao sul da Bolívia a 3.500 metros de altitude. Em algumas regiões, como nas proximidades das salinas de Garci Mendoza, é o único produto agrícola resistente às duras condições de clima e solo, como baixas temperaturas, solo alcalino e pouca água.
Tudo indica que o interesse atual pelo grão aumentou muito quando foram divulgados estudos sobre o cultivo da quinoa em naves espaciais, e ao fato de a NASA ter incluído a Quinoa na dieta dos astronautas. No Brasil, a Quinoa disponível é importada, na maior parte, da Bolívia. No entanto, há 19 anos a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - vem estudando variações deste grão que tornem possível o cultivo no Brasil. Os primeiros resultados positivos ocorreram no cerrado brasileiro em 1998, com a primeira colheita comercial tendo ocorrido em 2004. A Quinoa brasileira ainda não é amplamente distribuída, mas mesmo assim é possível encontrar a variedade importada em alguns supermercados e várias lojas de produtos naturais .
Nos dias de hoje, a vida agitada das cidades exige soluções rápidas e práticas de alimentação. Neste sentido, o que dizer de um grão que é cozido em 12 minutos, é apropriado para pratos doces e salgados, é rico em nutrientes e serve tanto como refeição principal e acompanhamento?
A Quinoa é rica em proteínas (até 23%, dependendo da variação), sendo uma ótima alternativa a carne, leite e ovos para os veganos (vegetarianos que não consomem nenhum produto de origem animal). O cereal contém mais lisina que a soja, o milho, o trigo e o leite, e, por isso, é indicado para crianças em fase de crescimento, adolescentes e também para idosos, já que alguns estudos indicam que a lisina pode auxiliar no aumento da absorção de cálcio pelo intestino delgado e, desta forma, prevenir e tratar a osteoporose (condição caracterizada por uma baixa densidade mineral dos ossos, facilitando a ocorrência de fraturas). Além disso, a Quinoa é também fonte de cálcio e outros minerais como o manganês, o magnésio, o ferro e o fósforo, os quais desempenham funções vitais para o bom funcionamento do sistema nervoso, fortificação de dentes e ossos, controle da contração muscular e transporte de oxigênio – o que a torna também ideal para atletas.
As sementes também contém grande quantidade de vitaminas (como a vitaminas B1, B2, B3, B6, C e E), as quais auxiliam na regulação do metabolismo, crescimento, memória, imunidade, reduzindo também o efeito dos radicais livres. Além disso, ainda possui ômega 3 e 6, que podem ajudar na prevenção de doenças do coração e auxiliar a memória e concentração. E a boa notícia: NÃO CONTEM GLÚTEN! A Quinoa também é apropriada para diabéticos por seu baixo índice glicêmico. E para pessoas com prisão de ventre, já que é riquíssima em fibras. Além disso, já foi utilizada para combater a desnutrição infantil no Chile e no Equador.
Versatilidade no Preparo
Um outro fato interessante é que a Quinoa serve de alimento em suas várias formas. As folhas podem ser preparadas como as do espinafre e os botões das flores podem ser consumidos como brócolis. Outras formas de consumir a Quinoa é na forma de flocos - para adicionar ao iogurte e misturar com frutas - e como farinha para mingau, pães, pudins, panquecas, biscoitos e bebidas. Alguns comerciantes norte-americanos vendem uma “polenta” de Quinoa, porém esta ainda não está disponível no Brasil. Face a esta ampla gama de possibilidades, alguns restaurantes já estão inclusive incorporando o grão em seus cardápios, como é o caso do restaurante Quattrino, um pioneiro em São Paulo. (http://www.vidasemglutenealergias.com/sao-paulo-sem-gluten/).
Referências Bibliográficas
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- Anderson JW. Whole grains and coronary heart disease: the whole kernel of truth. Am J Clin Nutr. 80(6):1. 459-60.
- Johnson, D.L. and S.M. Ward. 1993. Quinoa. p. 219-221. In: J. Janick and J.E. Simon (eds.), New crops. Wiley, New York.
- Schlick, G. and D.L. Bubenhei. 1996. Quinoa: Candidate crop for NASA's Controlled Ecological Life Support Systems. p. 632-640. In: J. Janick (ed.), Progress in new crops. ASHS Press, Arlington, VA
- Wood, Rebecca. The Whole Foods Encyclopedia. New York, NY: Prentice-Hall Press; 1988
- http://www.Quinuareal.com.br/
- WHOLE HEALTH. Quinoa, 2000. Disponível em: http://www.wholehealthmd.com Acesso em:30/09/2009
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Fonte: Revista Vida sem Glúten e sem Alergias, 2009 (www.vidasemglutenealergias.com)