“A condição nos faz aprender”
Roseli Caldart
Todo celíaco, ao sair do consultório com seu
diagnóstico, sai também com uma sentença assustadora:
alimentação sem glúten por toda a vida. Não poderá comer
pão, macarrão, pizza, biscoitos, massas, cerveja, produtos
feitos em padarias. Inicialmente parece que não sobra muito
o que comer, tamanha é a hegemonia do trigo na nossa
cultura. Aos poucos vamos descobrindo que na alimentação
saudável tem muito espaço para frutas, verduras, legumes,
carnes, ovos, laticínios e alimentos tradicionais. É uma
questão de adequação e criação de uma nova rotina
alimentar. Quando o diagnóstico vem depois de anos de
doença, sofrimento e qualidade de vida quase zero, a dieta
parece assustadora, mas também uma “luz no fim do túnel”!
Cada dia de melhora é apreciado e comemorado. No entanto,quando o diagnóstico vem para pessoas sem sintomas aparentes e que não se sentem mal ao comer glúten, a adesão ao tratamento parece uma batalha e seguir e manter a dieta se torna mais difícil.
Ao iniciar o tratamento, o celíaco recém diagnosticado
tem tarefas urgentes: entender o que é doença celíaca e as
suas várias formas de manifestação, perceber os efeitos em
si, decorar nomes e compreender os resultados dos
exames realizados, aprender o que é glúten, o que é contaminação cruzada por glúten, descobrir as doenças associadas, identificar outras possíveis intolerâncias ou alergias alimentares, comunicar e ensinar aos parentes e amigos de sua nova condição e os cuidados necessários com sua alimentação. Criar uma nova rotina de vida, que vai desde a lista de compras dos novos ingredientes ou tempo gasto nos supermercados - até o que carregar na bolsa como “kit sobrevivência” para situações de emergência onde não haja opções sem glúten, passando por identificar as marcas de produtos sem glúten que são confiáveis e ficar íntimo da cozinha e do fogão. Facetas que fazem parte dessa nova vida. Aprender, adaptar, recusar e inventar – são ações essenciais para que o celíaco possa conviver bem com sua nova condição.
Texto extraído do livro Vida sem Glúten
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