04/04/2011 - 07h00
Por Cristina Almeida
Do UOL Ciência e Saúde
Marinella Dolci, empresária italiana que vive em Rimini, tinha vários problemas de saúde – dificuldade para manter o peso, cefaleias constantes e muita coceira pelo corpo. Como os sintomas não eram excessivos, ela nunca lhes deu muita importância. Após consultar um especialista, submeteu-se a uma série de exames. Foi assim que descobriu que tinha doença celíaca.
“Sob os cuidados de uma nutricionista, iniciei a dieta sem esse nutriente. Como tive um diagnóstico de osteoporose, a suplementação de cálcio foi necessária. Hoje, me alimento mais e melhor, não me sinto inchada, nem tenho dor de cabeça. Além disso, engordei alguns quilos e ainda me sinto mais calma”, relata Dolci.
A melhora geral na saúde após a eliminação do glúten da dieta também é relatada por Patricia Collese, corretora de seguros. Ela conta que, desde os 13 anos, sofria de dores de cabeça, as quais foram aumentando ao longo da juventude, até se tornarem insuportáveis na idade adulta. Quando atacavam, tinham duração de quatro a cinco dias. Collese procurou vários médicos, e até um dentista, sem sucesso.
“Somente quando mudei minha dieta é que a enxaqueca ficou sob controle", conta. Primeiro, ela eliminou o leite do cardápio. Após 4 meses, tinha uma crise de dor a cada 30 dias. "Quando suprimi o glúten, substituindo-o por tapioca, fécula de batata etc., ela praticamente desapareceu”, diz. Collese afirma que a dor ainda se manifesta, mas é só porque ela não consegue seguir à risca o regime. Mesmo assim, além de se livrar das dores constantes, ela perdeu 7 quilos. "Penso que, sem o glúten, meu estado geral melhorou 70%”, resume.
O mesmo ocorreu com a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que inicialmente apenas reduziu o consumo de carboidratos para ser solidária ao marido, que estava de dieta. “Já tinha lido algo sobre como as pessoas se sentiam bem sem o glúten, e resolvi experimentar. Minha digestão melhorou muito. A barriga não inchava, e eu não sentia desconforto após as refeições. Comia menos, e a vontade de comer pães, biscoitos, balas e massas sumiu. Perdi 8 quilos com facilidade”, descreve.
Passados nove meses, Herculano-Houzel percebeu que não tinha tirado todo o glúten, e as enxaquecas persistiam. “Deixei de comer, então, os cereais e, após alguns meses, já não tinha dores de cabeça, antes presentes de duas a quatro vezes ao mês”. Agora, ela afirma que pode até tomar café, gatilho certeiro para as antigas enxaquecas. "Por enquanto, é só coincidência”, declara a professora. “Eu precisaria voltar a comer glúten para ver se o sintoma volta, mas quem sofre dessa dor vai entender porque não estou disposta a fazer o teste."
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